Programas podem ser instalados sem o consentimento do usuário. Substituição de anúncio causa prejuízo a donos de websites.
Altieres RohrEspecial para o G1
Ver anúncios pornográficos em sites de notícias pode ser um sinal de que um software monitora a navegação na internet do usuário e substitui as propagandas exibidas por sites da web. Com o redirecionamento dos anúncios, os donos do software ganham dinheiro ao tomar o lugar dos donos dos websites e, às vezes, colocam a credibilidade do site em risco.
Os termos de uso desses softwares não só informam que poderão fazer o sequestro de publicidade mas também afirmam que podem "personalizar os sites" acessados.
Em 2011, uma operação do FBI resultou na prisão de seis envolvidos com um vírus chamado de "DNSChanger". Com a praga, os responsáveis pelo esquema substituíam os endereços originais carregados pelos anúncios. No lugar, colocavam suas próprias propagandas para sequestrar o tráfego de diversos sites no mundo. Segundo as autoridades norte-americanas, os responsáveis faturaram o equivalente a R$ 28 milhões.
O DNSChanger não é o único software a realizar esse tipo de atividade. Outros programas são oferecidos com o intuito de oferecer uma "navegação personalizada" e "promoções especiais". A instalação de vários softwares gratuitos é acompanhada desse tipo de "oferta".
Esses anúncios sequestrados também podem aparecer em sites que não possuem conteúdo publicitário original, como a Wikipedia. Em 2012, a Wikimedia Foundation, entidade responsável, alertou sobre a existência de extensões para o Chrome que faziam anúncios ilegítimos aparecerem no site.
Segundo a revista norte-americana "The Atlantic", uma das empresas envolvidas com a atividade é a Sambreel Holdings.
Um dos produtos da empresa, o PageRage, propunha mudar as cores do Facebook e adicionar novos recursos à rede social. Mas o real objetivo era substituir os anúncios no portal.
O Facebook notificou extrajudicialmente a Sambrel para que interrompesse a atividade. No final de 2012, a Justiça decidiu a favor em Facebook. O PageRage sobrevive como aplicativo de papéis de parede para Android, também exibindo anúncios.
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A Sambreel, que usa marcas como "Theme Your World" e "Yontoo", possui ainda outros serviços que fazem o sequestro, como o Buzzdock, que promete "melhorar os resultados de pesquisa" e o Drop Down Deals, que afirma exibir cupons de promoção automaticamente nos sites de compras visitados. No entanto, na página do Drop Down Deals, a empresa exibe selos válidos de segurança de empresas como Norton Web Safe, da Symantec, e McAfee Secure.
Downloads 'gratuitos'
O empresário Kim Dotcom, responsável pelo site Megaupload, retirado do ar pelo FBI em janeiro de 2012, também pretende entrar nesse ramo. A plataforma "MegaBox", que promete remunerar artistas que colocarem suas músicas para download, deve substituir anúncios vistos na web para financiar os downloads gratuitos. Até 15% de todos os anúncios vistos poderiam ser substituídos por propagandas controladas pela empresa de Dotcom.
Removendo
Esse tipo de software normalmente se instala como extensão para o navegador web. No caso do Chrome e do Firefox, basta verificar a lista de aplicativos instalados pela presença desse tipo de software.
No Chrome, é preciso acessar o endereço chrome://extensions.
No Firefox, a lista fica em Firefox > Complementos.
Para o Internet Explorer, ou quando não houver nada na lista dos navegadores, o ideal é procurar alguma opção no Adicionar ou remover programas no Painel de Controle do Windows.
Como muitos desses softwares não são pragas digitais, eles aparecem na lista e têm programas de desinstalação funcional. Em outros casos, as próprias empresas oferecem instruções detalhadas de instalação.